Organizar um Encontro Estadual de A.A. fez com que esse grupo mergulhasse de cabeça na onda do bem-estar comum que buscamos na nossa Segunda Tradição.

Equilíbrio emocional e crescimento espiritual são, para mim, os guardiões da sobriedade de cada membro em A.A., pois, na medida em que tenho equilíbrio emocional, não me deixo abalar por situações alheias ao meu objetivo, que é manter-me sóbrio, haja o que houver.

Já o crescimento espiritual resulta do meu investimento no programa de A.A.: literatura, serviço, envolvimento nas temáticas e ciclos de meu grupo-base dentre outras atividades, bem como o apadrinhamento com sabedoria, boa orientação, que me conduz por caminhos já trilhados por nossos veteranos, nossos velhos mentores.

Nossa Primeira Tradição diz que:

Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar;
a recuperação individual depende da unidade de A.A.

Isso me leva a entender que faço parte de um todo, que não sou um indivíduo isolado, mas preciso servir para que uma estrutura ainda maior esteja pronta e à disposição para receber e ajudar o recém-chegado que procura, entre nós, seu último refúgio.

Hoje vejo claramente a importância de manter a porta aberta, mesmo que contemos com poucos membros no grupo. Não devo desanimar, considerando que lá atrás contei com pessoas que acreditaram em minha recuperação e me permitiram não só deter minha doença, como ajudar aqueles que ainda seguem nos caminhos tortuosos do alcoolismo.

O crescimento espiritual do grupo faz com que este, por sua vez, tenha uma conciência esclarecida de que o bem-estar comum deve prevalecer sempre. Mesmo que haja divergências, a unidade dos membros proporciona um ambiente agradável e acolhedor. Caso contrário, novos membros não permanecerão.

Testemunhei um exemplo de unidade em meados de 2015. Após participarmos do Encontro da Área 14-SC de A.A. na cidade vizinha de Videira, nosso grupo e decidiu que sediaríamos um encontro também – afinal, tínhamos condições para tal. Dito e feito. Fraiburgo, que contava com dois grupos de A.A. e um grupo Al-Anon, reuniu todos os membros possíveis, iniciando uma caminhada que se encerrou em 2018, com o 38º Encontro de A.A. da Área 14-SC. Nesse intervalo tivemos a nítida visão da Primeira Tradição sendo praticada.

Vimos veteranos e recém-chegados totalmente envolvidos numa unidade que passou pela consciência coletiva, chegando a uma decisão final esclarecida e soberana de seus membros, onde todos abraçamos a causa por haver um propósito maior: o de promover um bom encontro para aqueles que vieram de longe nos visitar, buscar crescimento espiritual com temáticas, palestras, maratonas, em mútua confraternização e espiritualidade.

Este é, para mim, o espírito da Primeira Tradição: deixar minhas vaidades de lado em busca de um bem maior. A unidade entre os membros deve prevalecer. Isso sim, recupera, incute valores, responsabilidades. Minha conclusão é que, por mais difíceis que sejam o convívio e as divergências, estou em A.A. para amar e servir.

Germano, Área 14-SC
Fonte: Revista Vivência, edição 209, páginas 14 e 15.