É possível manter a família unida e levar uma vida Serena e útil, mesmo que o familiar continue a beber.

Um dia, alguém me disse que eu precisava de ajuda por sofrer com a maneira exagerada do meu marido beber. Eu disse que não, que estava tudo tranquilo; mesmo assim, ela me falou de Al-Anon, com grupos espalhados pela cidade.

Cheguei a Al-Anon destruída, desesperada, em busca de uma “receita” para fazer meu marido parar de beber. Saí frustrada da primeira reunião, pois as companheiras que carinhosamente me acolheram disseram que não existe receita para mudar o outro, mas sim mudanças de atitudes que me ajudariam a viver e conviver melhor. Mesmo frustrada, continuei voltando.

No local, havia salas para todos da minha família se recuperarem. Sala para mim (Al-Anon), sala para meus filhos adolescentes (Alateen) e sala para meu esposo alcóolico (A.A.). Tentei colocá-los em suas respectivas salas, mas foi em vão. Continuei voltando.

No início, frequentava reuniões de segunda a sábado. Cada dia ia a um grupo Al-Anon diferente. Tinha necessidade das reuniões. Nas segundas-feiras, as companheiras comentavam sobre eventos em que haviam participado no domingo, então eu ficava curiosa para saber como era isso. Comecei a participar de alguns encontros – amei.

Devorava a literatura, tinha várias madrinhas e comecei a prestar serviço. Primeiro em meu grupo, coordenando as reuniões, mas logo substituí a secretária do distrito. Em seguida fui representante de distrito.

Meu marido continuou bebendo, às vezes melhorava, às vezes piorava. Tentamos uma internação que durou 45 dias; quando ele saiu da clínica pensei: Agora, vai. Mas não foi, parece até que piorou.

Continuei em Al-Anon, servindo. Fui madrinha Alateen, amava estar com jovens, pois trabalhava profissionalmente com crianças e adolescentes. Atuei como coordenadora do serviço especial Alateen de área e como secretária no comitê de área. Adorava fazer divulgação. Sempre que nossa área precisava e eu tinha disponibilidade, estava presente. Por isso, também servi como coordenadora do serviço de informação de Al-Anon do Paraná.

Mesmo tendo meu trabalho profissional, não deixava de servir em Al-Anon, irmandade que me reergueu, que me deu uma nova família. As coisas em casa estavam indo, meus filhos se tornando adultos, já na faculdade, enquanto meu marido continuava a beber.

Quando eu ia a eventos com participação de A.A., companheiros perguntavam sobre meu familiar. Respondia que ele ainda não era um A.A., mas quem sabe um dia…

Fui eleita delegada, depois coordenadora de área. Nesse período, meus filhos e eu conseguimos, com muito custo, que meu marido aceitasse uma internação mais prolongada, de seis meses. Novamente, pensei: Agora, vai. Infelizmente, também, não foi dessa vez.

Mas um Poder Superior é maravilhoso. Continua nos orientando e dando coragem para seguirmos.

Atualmente, sirvo no Escritório de Serviços Gerais e agradeço a Ele e a Al-Anon pelo fato de o alcoolismo de meu marido nunca ter sido empecilho para levar a mensagem, servir, conhecer tantos lugares e companheiras como conheci; mas principalmente pelas emoções vividas ao longo desse tempo, porque quando prestei serviço sempre me senti melhor.

Autora: Maria Helena K. membro do Comitê Executivo do Escritório de Serviços Gerais de Al-Anon.

Fonte: Revista Vivência, edição 203, páginas 43, 44 e 45.

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