Ele percebeu a importância das pessoas que o cercam em sua recuperação e em sua vida, dispondo-se a entregar sua parte para a preservação do Bem-Estar coletivo.

Vejo no título um requisito fundamental para o bom convívio em nossas reuniões. O bem-estar comum deveria vir em primeiro lugar, pois considero que minha recuperação é individual, mas é construída no coletivo – isto me basta para colocar o coletivo acima do individual.

Reduzir meus anseios pessoais me ajuda a perceber que problemas, considerações e posições dos demais companheiros são também importantes, contribuem significativamente na construção de minha recuperação e daqueles que comigo compartilham da experiência de fazer parte de Alcoólicos Anônimos.

Estar em A.A. significa combater não só o alcoolismo em mim, mas, principalmente, tudo aquilo que contribuiu para que eu chegasse ao meu fundo de poço, em especial as doenças da alma: orgulho e egoísmo.

Movido por essas doenças, eu deixava de considerar o mal que causava àqueles que conviviam comigo. Hoje em A.A. percebo quão importante é combatê-las, pois, aprendi a considerar o outro como parte integrante de minha vida. Percebi que sem o outro para compartilhar experiências, o ato de me perceber fica comprometido, não consigo construir uma recuperação estável, contínua, duradoura.

Perceber a importância das pessoas em minha vida e minha recuperação abriu meus olhos para uma nova realidade: a de que cada criatura tem sempre algo a compartilhar, independente de sua condição. Devo sempre respeitar esse algo, mesmo quando não concordo.

Além disso, permanecer atento às falas e atitudes dos companheiros, lembrando-me de que cada um de nós só dá daquilo que tem, me ajuda a extrair lições que podem contribuir em minha recuperação, seja a curto, médio ou longo prazo.

Por ser portador de uma doença que possui uma dimensão espiritual, necessito de virtudes para combatê-la, por isso devo valorizar cada momento vivido em A.A.

Creio que, como eu, os demais membros buscam em A.A. por melhorias, reformulação de vida, reconhecendo que só há recuperação quando há reformulação. Para que isso possa acontecer devo pensar também no grupo, não somente em mim. Avalio minha conduta dentro e fora das reuniões para perceber, de forma crítica, imparcial, se contribuo ou não para a manutenção do bem-estar comum. Não tenho medo de mudar minha postura caso perceba que ela está prejudicando outras pessoas. Percebo que o tempo vivenciado em A.A. deveria me tornar menos intransigente, em suma, mais compreensivo e empático.

Autor: Luiz Carlos, Área 02-MG.
Fonte: Revista Vivência, edição 209, páginas 12 e 13.

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