UM GRUPO CONSEGUE RENASCER GRAÇAS À LITERATURA DO LIVRO AZUL, DE FORMA LEVE E DIVERTIDA, MAS COM RESPONSABILIDADE E UNIDADE. UM EXEMPLO DA FORÇA ESPIRITUAL DA LITERATURA DE A.A.
Há aproximadamente três anos, duas pessoas se sentaram numa igreja para assistir a uma reunião de A.A. cuja frequência tinha se limitado a elas e, ocasionalmente, um terceiro ou quarto membro.
Apesar de ter sido deliberada anos antes e ter tido boa frequência em diferentes momentos, aquela reunião estava agonizando.
Os dois discutiram se deveriam desistir. Não pagavam o aluguel há meses e a frequência semanal não dava muita esperança de sobrevivência. Ambos então decidiram em consciência coletiva que agiriam para manter viva a reunião. Viriam todas as manhãs, acontecesse o que fosse. Estudariam o Livro Azul. O formato seria simples: ler alguns parágrafos, comentando-os depois.
Então, algo estranho aconteceu. As poucas pessoas que se apresentaram para o estudo passaram a voltar às reuniões todas as semanas. O pequenino grupo começou a crescer, desenvolvendo lentamente personalidade própria: risadas frequentes, grande cordialidade, uma sensação de unidade no propósito comum de sobreviverem.
Por baixo da leveza, havia profunda seriedade no momento de estudar o livro e fazer contato com recém-chegados. A poderosa combinação de diversão e recuperação que transbordava do livro surtiu efeito. Poucos meses depois, o número de membros alcançou uma dúzia.
Depois do primeiro ano, o grupo crescera até contar com mais de vinte membros assíduos. Beneficiamo-nos com um montão de pessoas vindas de alguns centros de tratamento, de modo que sobraram oportunidades para que os membros mais experientes do grupo – a essa altura já bem estabelecido se comunicassem com os novos. Logo nos vimos todos bem
ocupados, apadrinhando outros na prática dos passos. Fichas por tempo de sobriedade eram entregues após 60 dias, seis meses e um ano, com uma regularidade que nos emocionava até às lágrimas, propiciando-nos presenciar verdadeiros milagres.
Depois daquele primeiro ano, quase tínhamos colocado o aluguel em dia. Após o segundo ano, nós mesmos subimos o valor do aluguel e pagamos três meses adiantados. Nossas contribuições ao escritório local, à área e aos serviços gerais aumentaram. Provavelmente seguirão sendo substanciais.
O grupo se transformou num imã para entusiastas do Livro Azul, até sentirmos necessidade de acrescentar mais uma noite de reunião semanal. Seis dentre os membros mais ativos se reuniram durante um evento de
A.A. para discutir o assunto e, após conseguir um local, iniciamos nova
reunião, tendo também como tema o Livro Azul, baseando-nos essencialmente na Quinta Tradição.
Com o rápido aumento do número de membros e o forte desejo de levar
adiante a mensagem, iniciamos também uma reunião feminina e almejamos começar outra numa clínica de recuperação. Escolhemos nossos servidores de acordo com as sugestões do livreto O Grupo de A.A… onde tudo começa. Chamamo-nos de “Tradicionalistas da Quinta” e constantemente nos lembramos uns aos outros de que a razão pela qual estamos aqui é ajudar cada recém-chegado a encontrar o que descobrimos meio dos Passos. Não é para nos envaidecermos ou para falarmos demais sobre nossas opiniões e sentimentos, mas sim para dar a outros o que nos foi dado.
Os coordenadores são rotativos, de modo que que ninguém influi nas reuniões por muito tempo. Aniversários são acontecimentos regulares e celebrados. Há entre nós um grande senso de responsabilidade e um sentimento de satisfação.
Se for possível ressaltar algo é que, quando seguimos as orientações exatas do livro, o novo membro se recupera; quando seguimos exatamente as tradições, o grupo prospera.
Alguns de nós levamos muito tempo para descobrir essas verdades simples. Mas nossa experiência em A.A. é agora tão reconfortante, tão positiva e cheia de ação harmoniosa que esperamos não nos esquecer delas jamais.
Autor: Kathryn K., Phoenix, EUA
extraído do livro O Grupo-Base: Coração de A.A.
Fonte: Revista Vivência, edição 206, páginas 28, 29 e 30.
