PARA ESTE COMPANHEIRO, A IRMANDADE APRESENTA PUBLICAMENTE SEU PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DA FORMA MAIS CLARA E ABERTA, DE MODO QUE INFORMAÇÃO E ESCLARECIMENTO SUFICIENTES PODEM SER FACILMENTE ENCONTRADOS NA LITERATURA DE A.A.
Meu nome é João, sou um alcoólico sóbrio, por obra e graça de um Poder Superior, Deus como O concebo. Logo, se tenho melhor vida do que antes é por mérito d’Ele, não meu. Considero interessante o tema de capa desta edição.
Quando comecei a beber, aconteceu comigo o mesmo que está no 11° capítulo do livro Alcoólicos Anônimos, intitulado “Uma Visão para Você”. Estava começando a tocar violão, aprendendo as primeiras posições. Um primo pouco mais velho já frequentava bares, então passei a acompanhá-lo, levando meu instrumento para que alguém tocasse, assim eu poderia ir pegando o jeito de tocar.
Foi assim que comecei a beber – para perder a timidez, libertar-me da ansiedade, mas também pelo prazer da descontração trazida pelos efeitos da bebida. Sem que eu percebesse, o alcoolismo progressivamente foi tomando conta da minha vida. Em pouco tempo tornei-me dependente de álcool algo desconhecido para mim.
Até então acreditara que alcoólico era quem falava enrolado, apagava na mesa do bar ou na sarjeta. Bem, eu não sabia, mas já estava quase chegando lá! Enquanto isso, minha família sofria com preocupação e constrangimentos diante de minhas loucuras e vexames – um atrás do outro.
No princípio bebi por prazer e as pessoas gostavam da minha companhia, mas, algum tempo depois, o álcool fez comigo exatamente o contrário: ninguém mais suportava ficar perto de mim. Cheguei ao fundo do poço. Virei um ladrão assassino, pois roubava paz e alegria da família enquanto matava qualquer esperança de uma vida digna e feliz para mim.
Após minha esposa e meus irmãos insistirem para eu procurar ajuda, para não morrer, acabei procurando A.A. e, desde o dia 7 de junho de 2001, tenho encontrado não só uma contínua abstinência alcoólica, mas também um modo de vida pleno de dignidade, felicidade e alegria.
Digo que estou abstêmio porque, como consta dos dicionários, “Sobriedade” é sinônimo de moderação, temperança, comedimento. Visto que tenho mente alcoólica, acredito que dificilmente conseguirei ficar absolutamente sóbrio. Busco então seguir o exemplo de nossos pioneiros.
Hoje dou graças a Deus, pois também minha esposa e meus quatros filhos, sendo três rapazes e uma moça e ninguém ingere bebida alcoólica.
Agora, esse negócio de que “o segredo está na próxima reunião”, para mim não existe. Alcoólicos Anônimos nunca teve e nunca poderia ter segredos para ninguém pelo contrário, o que precisamos fazer é mostrar o programa a quem estiver interessado e divulgar a Irmandade o melhor que pudermos. Preservamos o anonimato pessoal em nível público, mas nossa irmandade não é anônima.
Prefiro apreciar a literatura de A.A., sem preguiça de ler. Já no prefácio do livro Os Doze Passos e As Doze Tradições, pude ler esse esclarecimento: “Os Doze Passos de A.A. são um grupo de princípios espirituais em sua natureza que, se praticados como um modo de vida, podem expulsar a obsessão pela bebida e permitir que o sofredor se torne íntegro, feliz e útil”.
Por levar ao uso descontrolado da bebida alcoólica, a doença alcoolismo faz o que está escrito no Sexto Passo: “Quando homens e mulheres consomem tanto álcool, destroem suas vidas e cometem um ato totalmente antinatural, contrariando seu desejo instintivo de autopreservação, parecem estar resolvidos a se autodestruir”. Mas “…tanto a natureza quanto Deus abominam o suicídio”.
Sei que Deus “…nunca nos tornará brancos como a neve e nos manterá assim sem a nossa cooperação”. Mas Ele sabe que, ao invés de perfeição, busco apenas o constante aperfeiçoamento do meu comportamento e caráter.
Autor: João B., Belo Horizonte, Área 02-MG
Fonte: Revista Vivência, edição 205, páginas 16 e 17
